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Especialista compara medicamentos injetáveis e cirurgia bariátrica no tratamento da obesidade

O tratamento da obesidade ganhou novas opções nos últimos anos, mas, segundo o cirurgião bariátrico Wilson Cantero, a escolha da melhor estratégia deve ser feita com avaliação cuidadosa e personalizada. O especialista comparou as principais intervenções disponíveis atualmente: semaglutida, tizerpatida e cirurgia bariátrica.
De acordo com Dr. Cantero, a semaglutida, medicamento injetável de uso semanal, demonstrou eficácia significativa. “Estudos publicados no New England Journal of Medicine mostram que ela pode levar a uma perda média de até 15% do peso corporal em 68 semanas de tratamento”, explica. Além da perda de peso, a medicação pode melhorar marcadores como pressão arterial e glicemia.
No entanto, o especialista alerta para efeitos colaterais, como náuseas e desconfortos gastrointestinais, além do custo elevado com necessidade de uso prolongado. “Recentemente, surgiram estudos que sugerem uma possível associação entre o uso da semaglutida e casos de cegueira, o que exige atenção redobrada”, ressalta.
Já a tizerpatida, também de administração semanal, tem mostrado resultados ainda mais promissores. “Estudos indicam que a tizerpatida pode gerar perda de até 20% do peso corporal em 72 semanas, com atuação em múltiplas vias metabólicas, melhorando ainda mais a sensibilidade à insulina”, aponta Dr. Cantero. A substância, segundo ele, foi recentemente liberada para uso no Brasil, mas ainda está em fase de expansão em vários mercados.
Assim como a semaglutida, a tizerpatida pode provocar efeitos gastrointestinais, como enjoos, e, por ser uma novidade, ainda requer acompanhamento mais próximo para avaliação dos resultados em longo prazo.
Quando o assunto é eficiência duradoura, o especialista afirma que a cirurgia bariátrica continua sendo o padrão-ouro. “A cirurgia proporciona uma perda de 25% a 30% do peso corporal, com manutenção dos resultados ao longo dos anos. Além disso, promove benefícios como remissão do diabetes tipo 2 e melhora dos desfechos cardiovasculares e renais”, afirma Dr. Cantero.
O médico lembra que a cirurgia exige um compromisso de disciplina alimentar e acompanhamento médico contínuo, mas oferece maior previsibilidade de custos em comparação aos tratamentos clínicos de longo prazo. “Embora seja um procedimento invasivo, hoje a segurança é muito alta, com taxas baixíssimas de complicações”, completa.
Escolha individualizada
Dr. Wilson Cantero ressalta que, seja qual for a escolha — medicamento ou cirurgia —, o tratamento da obesidade deve sempre ser conduzido de forma individualizada. “Cada paciente tem suas características clínicas, preferências pessoais, condições financeiras e acesso a suporte médico. O importante é que a decisão seja tomada junto com uma equipe especializada, visando não apenas a perda de peso, mas a qualidade de vida a longo prazo.”
O especialista conclui que, mesmo para pacientes que realizam a cirurgia bariátrica, o uso dos medicamentos modernos pode ser uma ferramenta importante para prevenir o reganho de peso em longo prazo. (Por Vivianne Nunes)

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